sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O barquinho azul

Meu caso mais antigo e inicial, o registro que tenho guardado nas lembranças com relação à leitura que me vem à mente é este: um livro que não sei ao certo se chama " O barquinho Azul". Sempre que me fazem pergunta sobre como iniciou meu gosto pela leitura lembro, em primeira mão, deste livro. 
Se fechar os olhos, ainda aqui, neste momento que em que faço tal registro, sou capaz de ver um menino que brincava com o barquinho de papel por sobre as águas, não sei se de rio, de mar ou de chuva ... mas o vejo!
Este é o meu primeiro, ou melhor, o que lembro sobre leitura relacionado à minha infância dentro do âmbito escolar.
Creio que existiram outras experiências na escola, mas não lembro, não marcaram.
Agora, recordo e tenho certeza que meu pai me influenciou - ele nem sabe disto-, pois sendo um homem muito católico e extremamente envolvido com os grupos da igreja, era comum -como até hoje, apesar de menos- vê-lo preparando missas, cursos de pais e padrinhos, missas de casamento e assim por diante.
A mesa sempre cheia de livros, Bíblia, dicionário, cadernos, lápis e canetas, revistas Família Cristã e ele em meio a tudo isto, um homem com pouco estudo, mas boa caligrafia, culto, sempre dedicado e envolvido pelo mundo das palavras escritas.
Vem daí minha maior lembrança neste universo  
Há até hoje na casa dos meus pais uma coleção de livros que têm fotografias de várias igrejas do mundo todo, é uma coleção linda, encadernada, de capa dura marrom com detalhes dourados que todos em casa adoravam ver, mas ele não permitia muito, pois tinha medo que a estragássemos. Não é por nada que o sobrinho caçula, que agora está com 6 anos, também gostava de folheá-la. Ele dizia que gostava de ver os desenhos.
Há também as inúmeras revistas Família Cristã que meu pai assina desde quando me conheço por gente, sem contar que guarda todas. Com elas fazíamos pesquisas quando estudávamos Ensino Religioso no Ensino Fundamental.
O tempo passou e a escola e a faculdade deixaram pouquíssimos registros de deliciosas leituras e trocas de opiniões em minha vida
Ultimamente tenho lido mais textos, livros relacionados ao universo escolar, não tanto por prazer.
Na fase em que estou tenho mais lembranças adocicadas de leitura que nasceram em cursos, reuniões pedagógicas e nos cultos.
A última vez que li por mero prazer, descobri que não sou muito fã de literatura lunática, fora da realidade,pois comecei a ler As Crônicas de Nárnia e detestei, mas gostei do filme, assim como não gostei de Cem Anos de Solidão. 
No sentido contrário, adorei ler  O livreiro de Cabul, Cidade do Sol, Pedagogia do Amor, Quem me roubou de mim, Caçador de Pipas entre outros. Nestes me vi viajando pra tais mundos, tempos e culturas.
A Menina que rouba livros, então, nem se fala, esqueci até de tomar meu remédio em todos  os 5 dias que o li.
Gosto de ler o que me aproxima ainda mais da realidade, ainda que eu conviva com ela diariamente.
Estranho, não acha?
Mas é assim que sinto, vivo a vida todo dia, mas me delicio quando um texto, uma frase, uma palavra me leva a pensar ainda mais neste mundo em que estou e todas as situações que a ela e nela nascem e sobrevivem.
Mas me deixo levar.... 
Agora, adoro poesia, elas me encantam, leio uma vez e quando gosto, de imediato colam em mim, gosto das que me tocam, que falam ao meu coração, que me fazem sentido.
Ler é verdadeiramente descobrir o encoberto, é deliciar-se, é rir sozinha, é chorar quando a palavra nos toca de alguma forma, é sair da ignorância, é saber dos direitos que temos enquanto cidadãos e a partir de então, agir!
É muita coisa em uma só.
Apenas quem a experimenta sabe do poder que a leitura carrega em si.     


2 comentários:

  1. Olá Lígia, adorei o seu blog, lindas as postagens!!! Gostei da forma como você definiu a leitura... Parabéns

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  2. OI Lígia,

    eu não te disse para não se desesperar? Então já estão dominando bem o seu espaço. Adorei o seu texto, ele traz uma sensação de nostalgia.

    UM abraço

    Tamar Rabelo

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