segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Classificar textos em gêneros com quais propósitos?

Quando o assunto é gênero textual percebemos que há inúmeros caminhos a se desbravar, é quase como se estivéssemos em uma loja cheia de produtos maravilhosos que nos chamam pra eles, mas ficamos tão extasiados que não sabemos  ao certo o que escolher entre tantas opções.
Assim são com os gêneros, pois diante deste tópico, são infindáveis discussões importantes que se abrem que podemos correr o risco de ressaltar todas superficialmente ou nenhuma em profundidade, podemos andar por caminhos muito estáticos e sitematizados ou por outros sem rumo.
Muitas   destas vertentes precisam ser aprimoradas com longos e delicados estudos, mas mesmo com tudo isso a se fazer sempre, não podemos perder o foco principal, ou o primeiro, no momento em que formos tratar dele com os alunos.
Refletindo sobre o tema, deparei-me com um texto que me chamou a atenção no que diz respeito sobre como trabalhá-lo em sala de aula. Não que o texto traz algo de tão diferente do que já aprendi, mas me saltou ao entendimento e é neste caminho que seguirei minha reflexão.
" O professor deve ajudar o aluno a progressivamente identificar e realcionar as caracterísitcas de textos, em busca de uma compreensão cada vez maior."* Tal trecho, em especial, me fez refletir muito, principalmente porque através dele pude avaliar  as práticas que tive até então em sala de aula no que diz respeito ao assunto.  
E por que de tal reflexão? Porque logo de inediato, quando mudamos nossa prática e começamos a seguir o caminho dos gêneros corremos o risco de apenas seguir o da classificação, nele pode surgir o problema da mera classificação pela clasificação e o que se percebe é que não há apenas este caminho - se é que este pode ser chamado de certo -, há outros muito importantes e necessários ao se trabalhar em sala de aula com gêneros, principalmente,  e é este meu foco neste texto, o de usar os mais diversos gêneros a fim de que através deles os alunos possam a cada dia, tanto na escola como nas situações do cotidiano, compreender melhor e com mais segurança as intenções dos autores com tais textos.
Afinal , do que vale saber classificar um gênero como sendo este ou aquele se não se consegue chegar até sua razão de ser, sua essência??
Então, creio que deve ser este o norteador: trabalhar diversidades de gêneros, ensinar e construir junto com os alunos como aprender a classificá-los, saber quais seus tipos ( termo usado pelo livro em questão), mas também e em grande intensidade desenvolver através dos mesmos o potencial de leitura, análise, inferências, interpretação, compreensão, comparações e relações com outros textos já vistos e estudados.
Além deste fator, outro também que merece destaque, e aí é necessário desenvolver o aprendizado e a capacidade de se classificar um texto, é aprender que dependendo de determinado texto e todas as suas características formais faz-se necessário entendê-lo, interpretá-lo seguindo determinados parâmetros.
 Assim, o aluno exercitará o saber de que não analisará uma receita culinária da mesma forma que um manual de instrução, pois os caminhos, os conhecimentos que deverá ter para compreender um é bem distante do outro. Neste caso, a classificação é produtiva, tem o porquê de ser feita.


 * OLIVEIRA & CASTRO, Usando textos na Sala de Aula: Tipos e Gêneros Textuais, 2008.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O barquinho azul

Meu caso mais antigo e inicial, o registro que tenho guardado nas lembranças com relação à leitura que me vem à mente é este: um livro que não sei ao certo se chama " O barquinho Azul". Sempre que me fazem pergunta sobre como iniciou meu gosto pela leitura lembro, em primeira mão, deste livro. 
Se fechar os olhos, ainda aqui, neste momento que em que faço tal registro, sou capaz de ver um menino que brincava com o barquinho de papel por sobre as águas, não sei se de rio, de mar ou de chuva ... mas o vejo!
Este é o meu primeiro, ou melhor, o que lembro sobre leitura relacionado à minha infância dentro do âmbito escolar.
Creio que existiram outras experiências na escola, mas não lembro, não marcaram.
Agora, recordo e tenho certeza que meu pai me influenciou - ele nem sabe disto-, pois sendo um homem muito católico e extremamente envolvido com os grupos da igreja, era comum -como até hoje, apesar de menos- vê-lo preparando missas, cursos de pais e padrinhos, missas de casamento e assim por diante.
A mesa sempre cheia de livros, Bíblia, dicionário, cadernos, lápis e canetas, revistas Família Cristã e ele em meio a tudo isto, um homem com pouco estudo, mas boa caligrafia, culto, sempre dedicado e envolvido pelo mundo das palavras escritas.
Vem daí minha maior lembrança neste universo  
Há até hoje na casa dos meus pais uma coleção de livros que têm fotografias de várias igrejas do mundo todo, é uma coleção linda, encadernada, de capa dura marrom com detalhes dourados que todos em casa adoravam ver, mas ele não permitia muito, pois tinha medo que a estragássemos. Não é por nada que o sobrinho caçula, que agora está com 6 anos, também gostava de folheá-la. Ele dizia que gostava de ver os desenhos.
Há também as inúmeras revistas Família Cristã que meu pai assina desde quando me conheço por gente, sem contar que guarda todas. Com elas fazíamos pesquisas quando estudávamos Ensino Religioso no Ensino Fundamental.
O tempo passou e a escola e a faculdade deixaram pouquíssimos registros de deliciosas leituras e trocas de opiniões em minha vida
Ultimamente tenho lido mais textos, livros relacionados ao universo escolar, não tanto por prazer.
Na fase em que estou tenho mais lembranças adocicadas de leitura que nasceram em cursos, reuniões pedagógicas e nos cultos.
A última vez que li por mero prazer, descobri que não sou muito fã de literatura lunática, fora da realidade,pois comecei a ler As Crônicas de Nárnia e detestei, mas gostei do filme, assim como não gostei de Cem Anos de Solidão. 
No sentido contrário, adorei ler  O livreiro de Cabul, Cidade do Sol, Pedagogia do Amor, Quem me roubou de mim, Caçador de Pipas entre outros. Nestes me vi viajando pra tais mundos, tempos e culturas.
A Menina que rouba livros, então, nem se fala, esqueci até de tomar meu remédio em todos  os 5 dias que o li.
Gosto de ler o que me aproxima ainda mais da realidade, ainda que eu conviva com ela diariamente.
Estranho, não acha?
Mas é assim que sinto, vivo a vida todo dia, mas me delicio quando um texto, uma frase, uma palavra me leva a pensar ainda mais neste mundo em que estou e todas as situações que a ela e nela nascem e sobrevivem.
Mas me deixo levar.... 
Agora, adoro poesia, elas me encantam, leio uma vez e quando gosto, de imediato colam em mim, gosto das que me tocam, que falam ao meu coração, que me fazem sentido.
Ler é verdadeiramente descobrir o encoberto, é deliciar-se, é rir sozinha, é chorar quando a palavra nos toca de alguma forma, é sair da ignorância, é saber dos direitos que temos enquanto cidadãos e a partir de então, agir!
É muita coisa em uma só.
Apenas quem a experimenta sabe do poder que a leitura carrega em si.     


Cada mergulho um flash...

Desafios...

Antes mesmo desta semana, a anterior foi de decisões, de tomada de postura, de mudança de caminhos... mas importante para que esta, em especial, acontecesse. E aconteceu!
Durante todo o período de cinco dias que passamos juntas, foi tempo precioso, pois, em primeiro lugar, pudemos nos conhecer, fazer novas amigas,  além de perceber que todas estamos em barcos ainda que diferentes, uns maiores, outros menores, coloridos ou não, mas em comum navegamos no mesmo mar.
Foi um tempo de troca, de descobertas, de afirmação sobre o que sabemos, de aprimoramento do que já temos em nós, mas sobretudo de muitos desafios, medos, inseguranças, mas de uma certa dose de coragem que tende a aumentar a cada encontro.
Para mim, em especial, foi de suma importância, pois como já havia feito o Gestar II como cursista, fui um tanto preparada, pois já tinha um pouco o norte das coisas, mas estava ansiosa para saber o que ainda estava oculto ou nebuloso.
Neste  ponto percebi que minhas perguntas, algumas fora de hora e além, proporcionavam nas colegas mais insegurança, medo, mas também não podia deixá-las de fazer, pois eram as que me inquietavam e não sabia qual o momento oportuno, brotavam simplesmente e as colocava pra fora.
Creio que esta ansiedade aconteceu, pois quando fiz o curso, constatei que ele é bem exigente  e profundo, com muitas dicas de como trabalhar em sala de aula, então queria saber como conseguir isto, como montar as oficinas da forma, nos moldes que a minha formadora fez.
O meu medo existe, principalmente,  porque não tenho tanto conhecimento de computador, Internet e suas ferramentas.
Diante disto, esperava ainda mais da nossa preparação, mais prática, oficinas.
Com relação aos novos conhecimentos, o que mais me chamou a atenção foram os conceitos e termos: multimodal - que até então conhecia por outro nome-, transposição, retextualização e intertextualidade. Da forma como foi trabalhado não me lembro de ter ouvido falar, então aprendi mais. 
Não poderia me esquecer também da cama de gato que nos proporcionou o texto  sobre o cão quando fazíamos a análise dele refetindo sobre gêneros  e tipos textuais. Situação complexa e que precisamos nos preparar, pois certamente algo semelhante poderá ocorrer conosco em nossas oficinas.
Tudo foi muito importante, creio que a troca de experiências, colocar a mão na massa, posicionar-se como um professor-cursita é muito importante, pois assim saberemos como agir  e ajudá-lo.
Nossos encontros precisam nos preparar para tais momentos, creio que estamos neste caminho, se porventura não estivermos e nos perguntarmos "E agora, José?", a resposta exitirá na força, na união do grupo que estará disposto a se ajudar.